quarta-feira, 23 de janeiro de 2013


Jessica Brandao da Silva[1]
Sidiane dos Santos Silva[2]

RESUMO


Os contos de fadas eram inicialmente, antes do século XVII, contos de tradição oral, que buscava de forma dispersa, elementos ao mito, as tradições religiosas, a simbólicas de vários tipos, à literatura antiga, à medieval. Os franceses criaram o conto de fada, que emergiu de uma tradição erudita, que ganha força com contadores como Charles Pernalt, que os recolhia e a partir da tradição oral, os reescrevia, com a ajuda da imprensa que logo surgiu junto à crescente alfabetização. Deixou assim de ser apenas tradição oral cultivada para ser cultura elaborada.
Nos contos de tradição oral européia há dois tipos de componentes: um puramente oral, que tem haver com elementos locais que são fantasiados e contados como histórias fabulosas, de pasmar. E outro, com as narrativas populares autônomas, nem sempre ligadas à realidade ao que se conta de forma efabulada. A tradição oral popular portuguesa é constituída por narrativas curtas, muitas vezes cruas, pragmáticas, despojadas do elemento feérico, profundamente mágico.
Os contos de Grimm ou de Andersen têm personagens montado com o universo do conto português, com coisas espantosas, almas, coisas do imaginário popular português. São personificações das fantasias e medos das aldeias. Nas culturas africanas e latino-americana, onde seu conteúdo simbólico, arquetípico, é muito forte, porque esses contos normalmente são versões populares de problemáticas de caráter religioso, iniciático e filosófico.
Embora as pessoas confundam conto de fadas com fábulas, estes têm suas particularidades e diferenças, que precisam ser esclarecidas. A fábula tem uma moral da história, que propõe uma descoberta ética. Ela vem também de uma tradição oral portuguesa de querer ser educativa, para veicular uma moral, um comportamento social. O conto, diferentemente não precisa de uma moral para a história, ele propõe uma descoberta ética, sem uma problemática. É algo mágico, fabuloso, no qual remete uma realidade paralela, uma realidade criativa e paradoxal dos nossos sonhos.
Os contos não são específico para crianças, embora tenha um elemento mais sedutor para as mesmas, devido à proximidade de seu imaginário. Para os adultos é uma forma também de racionalizar um significado nas suas relações sociais, da forma como se sente e pensa. Eles nos permitem um entendimento a cerca da liberdade, para nos proporcionar uma inquietação quanto às coisas que são erradas e que precisam ser mudadas, para deixarmos o conformismo e acreditar que as coisas podem ser diferentes e que nem sempre são o que parece.
Quando se conta um conto de fadas, a narrativa provoca efeitos nas crianças. As narrativas confrontam a criança com dualidades: o ódio e a compaixão, a mentira e a verdade. Mas o conto de fadas não diz o que é mentira ou verdade, é a criança que tem de lidar livremente com esse material.
Não se devem caramelizar os contos: omitir a crueldade, o amor, a morte. São experiências fundamentais para a criança. Através dele as crianças aprendem a lidar com a morte como experiência, com o fim das coisas, perceber que a realidade muda continuamente e que é possível de lidar. Os contos de fadas têm a ver com todos esses desafios, tratam arquétipos do crescimento: o medo, o conforto, a superação. O herói da história tem de arranjar soluções para tudo e a criança descobre possibilidades de enfrentar seu medo como algo natural.
Assim, um conto de fadas nunca deveria ser lido. O adulto deve aprender o conto e depois contá-lo, de viva voz para torná-lo mais interessante. Sendo de extrema importância a disponibilidade do adulto para contar a história para as crianças, pois acontece uma mutua disponibilidade das partes, e é nesse momento feérico em que tudo é possível, em que as coisas abstratas, mais medonhas, mais terríveis, podem encontrar soluções. Então, para os pais é interessante fazer com que a criança recrie a narrativa do que dar-lhe como uma coisa estática, que lhe impossibilita criar.





[1] Estudante do sétimo semestre do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Alagoas.
[2]Estudante do sétimo semestre do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Alagoas.

Um comentário:

  1. Viver com as fadas. Entrevista com Vítor Quelhas
    Notícias Magazine (11 de Abril de 2004)
    Texto de Sofia Barrocas.

    Texto que através dos contos de fadas faz com que os problemas e inquietações de uma sociedade sejam percebidos, com a intenção de formar cidadãos a par da realidade e transformá-la.
    Um texto muito bom! Leiam na sua íntegra.

    Um beijo a todos e obrigada pela visita.

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